segunda-feira, 11 de abril de 2011

Reflexões do massacre no Rio

Relutei em escrever alguma coisa aqui. Mas tenho que dizer. Ta engasgado. E sei que serei escurraçado em razão das próximas linhas que seguirão, mas lá vai: Um doido entrou numa escola e matou a criançada, deu tiro em todo mundo. Chocante, terrível, trágico, o maior massacre do Brasil, sangrento, triste. Tudo isso. Mas já foi. Acabou. Passou. Deu. Dá um tempo pro pessoal respirar galera. Sei que essa merda vende jornal, mas porra! Respeitem o sofrimento das famílias que perderam seus filhos, e respeitem o nosso, ou pelo menos o meu, que fico sem opção pra onde quer que olho: jornal, revista, TV, rádio... tudo só fala no tal esquizofrênico... Putaqueopariu! Era justamente isso que o doente queria: atenção. Se ele estivesse vivo estaria rachando o bico pra toda a bola que tão dando pra ele. Não foi nada de mais. Uma pessoa desequilibrada simplesmente sem noção do bem e do mal matou outras pessoas inocentes. E achava isso normal. Até aí um um crime chocante e bárbaro e tudo mais. Só que analisando pelo lado da psiquiatria, algo compreensível. O nego era doente. Não estou banalizando a morte. Quem sou eu? O que quero dizer é que não foi ruindade do assassino. Foi doença. Ele possivelmente pensava que matando aquelas crianças, um ciclo de coisas ruins teria fim, ou uma maldição terrível seria quebrada, Deus viria salvar a humanidade, ou seja la que merda ele pensava. Mas era um pensamento intrusivo que ele tinha, e possivelmente uma idéia delirante que foi tomando forma. Levou meses de planejamento, mas ele conseguiu concretizar seu plano: agora ele é o herói! E seu sofrimento acabou! Só que o mundo pensa diferente de sua mente doentia. Sabemos diferenciar bem e mal, certo e errado, ética, moral. Ou não, né. Até que ponto pegar a menina de 13 anos que tava do lado da melhor amiga quando ela tomou "um tiro na testa", ainda com os olhos sujos de sangue, e mostrar pro mundo inteiro como é grande seu sofrimento, fazendo o país todo chorar de pena dela, é moral, ou do bem? E a professora, que conseguiu salvar a própria pele e a de mais 2 ou 3, mas saiu correndo deixando pra morrer mais 20 ou 30? Que legal mostrar a cara dela em um dos maiores jornais do mundo, estampando a face da derrota, do desespero, da tristeza. Isso vai dar uma merda enorme, gente. Esse pessoal que tava la no dia já vai ter sérios problemas pra se recuperar do dia 7 de abril por si só, com suas memórias. Ajudaria muito se as memórias fossem só deles. Mas agora tão eternas com todo mundo que assistiu TV, leu jornal, ouviu rádio, ou mesmo conversou com alguém na última semana. Sempre vai ter um que vai lembrar. E uma coisa que seria muito difícil de superar, graças a isso agora vai ser impossível.

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